

Qual o seu, por acaso?Įu só sei que vou deixar de pensar em você para prestar atenção na estrada.

Professor titular da disciplina Educação Sentimental do brasileiro, cada um tem o seu Roberto preferido. É, relembro a casa com varanda, muitas flores na janela, minha mãe lá dentro dela, me dizia num sorriso, mas na lágrima um aviso, pra que eu tivesse cuidado, na partida pro futuro, eu ainda era puro, mas num beijo disse adeus. Eu prefiro “O divã”, aquela das recordações que me matam, espécie de biografia de nós todos, esses moços, pobres moços interioranos dos Cachoeiros dos Itapemerins, das Guaratinguetás, dos Cratos, das Araraquaras, das Uberabas. Certamente é uma das mais representativas. Há quem diga que é a melhor música do Roberto. Haja pabulagem, uma tonelada de amor próprio, caminhões e mais caminhões de auto-estima ladeira arriba. Mesmo assim, amigo, repare, a falha é motivo de orgulho –o cara duvida que a “pessoa errada” pise e maltrate mais a língua pátria do que ele. Sim, no caso dos erros do português ruim, naquele madrugador 1971 pós-reforma ortográfica, quando o professor Pasquale ainda em calças curtas afinava a sua singela lira. Que cara convencido: não adianta nem tentar me esquecer, durante muito tempo em sua vida eu vou viver.Īpenas em um capítulo do conhecimento humano, a criatura esquece o pecado da soberba e reconhece que não é o pai da matéria. Zero em modéstia e altruísmo, o Outro, o urso, o dom Ricardão de las Pontas, não passa de um coitadinho capaz de fazer a pequena lembrar do sr. Reza a lenda do velho Pasquim, aliás, que o cabeleira em questão teria sido o Tarso de Castro, escriba e macho de Passo Fundo, por supuesto. Nem do outro cabeludo, que poderia aparecer na sua rua, o ciúme orgulhoso era tanto. Realmente um cara que zela pelo seu próprio nome na praça!Ī vaidade é tão grande que o nosso personagem, um dos melhores da canção romântica brasileira, parte do pressuposto que qualquer outro rapaz, que não ele, é apenas a pessoa errada, o cavaleiro da triste figura troncha, nada mais. Mais importante do que o chifre em si, amigo de infortúnio, seria a simples pronuncia do seu abençoado batismo. Não vá dizer meu nome sem querer à pessoa errada.Įstá ai, nesse verso de Roberto e Erasmo, um dos maiores orgulhos da raça humana. No natalício de Roberto, 71, uma breve interpretação de um dos seus maiores sucessos.
